quinta-feira, 27 de junho de 2013

Bastonário dos Engenheiros critica Governo pelo terminal na Trafaria

Carlos Matias Ramos exige estudos comparativos sobre as alternativas, sem quaisquer restrições.

O bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE), Carlos Matias Ramos, discorda da forma como o Governo avançou para o projecto de investimento previsto para o terminal de contentores da Trafaria e tem muitas dúvidas de que aquela seja a melhor localização, a melhor forma de proporcionar valor acrescentado à economia da capital e que a infra-estrutura pretendida não venha gerar impactos negativos nos portos de Setúbal e de Sines.




"Sobre o projecto do Governo para o terminal de contentores da Trafaria, penso que o mais importante são as dúvidas que ressaltam. A questão principal é saber o que é que se pretende para o porto de Lisboa. É preciso saber se o ‘transhipment' [tráfego intercontinental de contentores] é o mais adequado para o desenvolvimento do porto, da cidade de Lisboa e da economia nacional", defende Carlos Matias Ramos, ao Diário Económico.

O bastonário da OE junta-se, assim, às várias críticas públicas ao projecto do Executivo, que têm subido de tom nas últimas semanas. "Deve ser a cidade a condicionar o porto e não o porto a condicionar a cidade, como tem acontecido no passado. Essa é que deve ser a lógica. Devemos tentar perceber qual é a vocação do porto de Lisboa, não só para Lisboa, mas também para a margem Sul, e penso que, nesse aspecto, o terminal de cruzeiros possa trazer mais valor acrescentado que um terminal de ‘transhipment'", acrescenta Carlos Matias Ramos.

O mesmo responsável prossegue nas duras críticas e verbaliza sérias dúvidas sobre o projecto. "Acreditemos que o terminal de ‘transhipment' é a melhor solução para o porto de Lisboa. Coloca-se outra questão: a melhor posição para um terminal deste tipo será a Trafaria ou a Cova do Vapor?", questiona.

Carlos Matias Ramos relembra que até ao início da década de 40 do século passado existia um cordão dunar ininterrupto entre a Costa da Caparica e o Bugio (Golada), que limitava os efeitos nefastos das correntes marítimas Sul/Norte e poderia ter impedido o desassoreamento das praias da região. E calcula que a solução de depositar areia junto às praias da Caparica, a que se opôs desde o início, já custou aos cofres públicos cerca de 36 milhões de euros, sem qualquer resultado prático.

"É necessário arranjar soluções que desviem a velocidade das correntes Sul/Norte na Costa da Caparica, que têm grandes implicações no período de enchentes. Quando o projecto do terminal de contentores da Trafaria foi anunciado pelo Governo, foi imposto que se excluísse qualquer intervenção no Bugio e no fecho da Golada", defende o bastonário.

Para Carlos Matias Ramos, "para um projecto deste tipo, deve ter-se uma visão fisiográfica de toda a zona. Não se devem impor à partida restrições a visões integradas e dizer que não se pode fazer o fecho da Golada. Estude-se, analise-se e veja-se quais são os efeitos".

O bastonário da OE coloca ainda outras dúvidas sobre este projecto, ao nível da solução dos acessos ferroviários e do sobrecusto pelo facto de 80% das mercadorias chegadas ao porto de Lisboa se situarem na margem Norte, quando o terminal da Trafaria vai levar os contentores mais para Sul, não se sabendo de que forma poderão regressar à capital.

"O Governo diz que o terminal será um investimento totalmente privado, mas isso custa-me a crer. Quem faz investimentos deste tipo, tem de estar agarrado a operadores ou então já há um operador que garante esse investimento. Se o valor, entre cerca de 600 e 800 milhões de euros, já foi anunciado com tanta minúcia, parece que já está consolidado um operador e parece que já existe uma avaliação que permite sustentar esse valor", conclui Carlos Matias Ramos.

Fonte: economico.sapo.pt- Veja o artigo aqui

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Autarca de Almada contra construção de terminal de contentores na Trafaria





Maria Emília Sousa contestou o facto de a construção de um terminal de contentores ser bom a nível de postos de trabalho para a sua região.

A autarca de Almada mostrou-se contra a construção de um terminal de contentores na Trafaria, tendo assegurado que esta obra não terá benefícios económicos à região.


No Parlamento, Maria Emília Sousa criticou a Estratégia do Mar, do Governo, e contestou o facto de este projeto ser bom a nível de postos de trabalhos.
«Muitas vezes tem vindo a ser argumentado que este projeto é gerador de 400 postos de trabalho. Quatrocentos postos de trabalho em porto conduz à destruição imediata de 400 postos de trabalho na pesca», argumentou.

Ouça a reportagem aqui: 
http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=3263345

Fonte: TSF- veja o artigo/reportagem aqui

sábado, 1 de junho de 2013

Associação 'Contentores na Trafaria Não' afirma que terminal tem riscos ambientais e representa mau investimento público


Construir um terminal de contentores na Trafaria “seria um erro ambiental, colocaria em risco a qualidade de vida da população e seria ainda uma má aplicação dos dinheiros públicos”. 
Este tem sido o alerta lançado pela “Associação Contentores na Trafaria Não” nas suas acções públicas de protesto e que agora parece encontrar algum eco também nas associações ambientalistas Quercus e GEOTA.

No início desta semana a presidente do Porto de Lisboa veio afirmar que a capacidade do terminal de Alcântara está perto do limite, pelo que é necessário construir um porto de contentores na Trafaria, ao que acrescentou já ter indicações do Governo para avançar com estudos e tomar uma decisão. Entretanto, o presidente da Refer revelou que já foi desenhado o traçado para a construção da linha de caminho de férreo – exclusiva para mercadorias –, entre a Trafaria e a Plataforma Logística do Poceirão, (Palmela).
Em matéria de custos a construção do porto de contentores na Trafaria atinge os mil milhões de euros, enquanto a construção da linha férrea, numa extensão de 7,9 quilómetros, custará 160 milhões de euros e deverá estar construída no segundo semestre de 2019.

Para José Pedro Dionísio, da “Associação Contentores na Trafaria Não”, o projecto “não está a considerar o impacte ambiental” nesta localidade entre o Tejo e o Atlântico. Aliás, na sua opinião os danos ambientais, para além de atingirem a Trafaria, “vão destruir praias da Costa da Caparica”.
Nos últimos anos o cordão dunar da frente norte de praias da Costa da Caparica tem sido rompido pelas marés de inverno, o que implicou a trabalhos de enchimento artificial com areia, obra que ainda não está acabada. “A construção do porto de contentores na Trafaria obriga a drenar o leito do rio o que irá reflectir-se em marés mais elevadas e a consequente destruição, final, de praias na Costa da Caparica”, reafirma José Pedro Dionísio.
Assim sendo, este terminal “a ser construído, vai acabar com a qualidade de vida da população da Trafaria e também a da população da região de Lisboa que deixa de ter boas praias na Costa da Caparica”, conclui este elemento da associação.

Outra questão que evoca é a aplicação dos dinheiros públicos. “Num momento em que o país tem de fazer face a uma elevada dívida pública, é ainda mais importante definir bem prioridades”.
Para a “Associação Contentores na Trafaria Não”, o Governo tem outras opções que envolvem menos custos. “É possível rentabilizar melhor o Porto de Sines, onde já existem boas infra-estruturas, ou optar por gerir o movimento de contentores entre o Porto de Lisboa e o de Setúbal, onde também existem boa capacidade para estas operações”.  Por outro lado, “não faz sentido gastar 160 milhões de euros numa linha férrea que tem ainda riscos ambientais por atravessar área protegida”.

Fonte: Jornal da Região- Veja o artigo aqui