sexta-feira, 26 de julho de 2013

Declaração SOS – Salvem O Surf sobre Contentores da Trafaria

SOS – Salvem O Surf, associação equiparada a ONGA que tem como objeto preservar as praias para a prática do surf bem como desenvolver o surf, foi consultada pela associação “Contentores Trafaria Não” sobre o projeto para o Terminal de Contentores projetado pela Administração do Porto de Lisboa para a Trafaria.
Em resposta a este pedido, a SOS redigiu uma declaração pública que podes ler mais abaixo.
“Consideramos que, para o projeto do Terminal de Contentores, deve ser realizado um Estudo de Impacte Ambiental (EIA). O EIA deve necessariamente incluir o Surf. Este, deve passar a ser incluído não só em geral nos projetos costeiros, mas em particular na Trafaria e na Costa de Caparica, que são terras com forte tradição desta pratica – surf. A nossa declaração segue as linhas de um guia metodológico muito resumido sobre a inclusão do surf nos EIA.”
SOS – irá também apoiar a concentração de surfistas no Sábado 27 de Julho às 10h00 na Praia do CDS, “partilhando o seu vasto know-how na realização de logótipos humanos desenhados no mar com os surfistas/Bbers/SUPers e com as suas respetivas pranchas. Estima-se que o logótipo poderá ter cerca de 500 praticantes de desportos de ondas, batendo o Record de anteriores concentrações.”
Pedro Bicudo, Presidente SOS, salienta o seguinte.
“A SOS não é, à partida, nem contra nem a favor das obras costeiras. Mas exige sim que seja feito um estudo de fundo do impacte ambiental, em que se estime quantitativamente como o surf e as praias serão afectadas.
Após realizado este estudo e chegando à conclusão que de facto algumas praias ficam danificadas, terá de se pensar em alternativas, possíveis alterações à obra, ou em outras medidas de mitigação.
A Costa de Caparia e a Trafaria têm para os surfistas e os banhistas um valor turístico, desportivo e cultural, muito grande, que deve ser acarinhado e preservado.”
Comunicado SOS – Salvem o Surf
«A SOS – Salvem O Surf foi consultada pela associação “Contentores Trafaria Não” sobre o projeto para o Terminal de Contentores projetado pela Administração do Porto de Lisboa para a Trafaria.
A SOS – Salvem O Surf, associação equiparada a ONGA que tem como objeto preservar as praias para a prática do surf bem como desenvolver o surf, considera que, para o projeto do Terminal de Contentores, deve ser realizado um Estudo de Impacte Ambiental (EIA). O EIA deve necessariamente incluir o Surf.
A costa portuguesa como um todo é a maior maravilha e a maior riqueza de Portugal. Prova disso é no recente concurso de TV das 7 Maravilhas dedicado às praias, com 600 mil votantes, todas as praias vencedoras serem selvagens, integradas em parques naturais, até na categoria de praias “urbanas”. Acresce que muitos dos nossos turistas surfistas são oriundos de países com uma elevada consciência ambiental. A SOS – Salvem O Surf promoveu um estudo em 2009 que mostrou que a pequena indústria do turismo ligada aos surfcamps, às surfschools e aos pequenos hotéis costeiros, poderia trazer um enorme desenvolvimento sustentável à nossa costa, trazendo milhões de turistas com alto nível económico todos os anos a Portugal.
A SOS – Salvem O Surf considera que este desenvolvimento sustentável só será possível se Portugal se empenhar em manter a sua costa o mais bela e natural, até selvagem, e com a melhor qualidade ambiental possível. A SOS – Salvem O Surf considera que a costa portuguesa já possui a figura jurídica do Domínio Público Marítimo que já consiste na prática no maior parque natural de Portugal e num dos maiores do Mundo. Portugal tem ainda parte da sua costa integrada em Parques Naturais.
Mas deparamo-nos com um grande problema para o desenvolvimento sustentável nacional: o surf é quase sempre ignorado nos projetos costeiros. Ao incluirmos nos projetos costeiros a perspetiva do surfista, do turista surfista e do empresário do surf, vemos que os impactes ambientais destes projetos deveriam ser re-calculados. Infelizmente, a prática mostra que não podemos cegamente confiar nos projetos costeiros, apesar de eles serem aprovados pelos diversos organismos da tutela estatal da nossa costa. Exemplos de práticas que consideramos lesivas para o surf são as praticadas pelo Porto de Sines, pelo Porto da Figueira da Foz, e pelo Porto de Rabo de Peixe.
Nesta declaração, a SOS – Salvem O Surf pretende ainda brevemente mencionar em que fatores (também denominados descritores) o Surf deve ser incluído no EIA do Terminal de Contentores.
Consulta das instituições surfistas:
Mesmo antes da consulta pública, é recomendável que a equipa responsável pelo Estudo de Impacte Ambiental se reúna com as instituições ou pessoas que possam vir a ser afetadas pelo projeto. Assim se resolvem antecipadamente potenciais conflitos. Num projeto costeiro devem ser chamadas e ouvidas as associações de surfistas e empresários do surf locais, bem como a Federação Portuguesa de Surf, a SOS – Salvem O Surf, a Associação Nacional de Surfistas e outras associações de surfistas nacionais.
Fator da hidrologia e morfologia costeira:
Para este principal fator para o surf, é importante que as praias onde se pratica o surf, bem como a qualidade da rebentação da ondulação para a prática do surf nessas praias, sejam preservadas. Aproveitamos para referir que o Terminal de Contentores põe em perigo de destruição as praias e sítios para a prática do surf como por exemplo as ondas da Cova do Vapor e do Rio. Quanto às praias da Costa da Caparica, não é claro se o Terminal de Contentores irá aumentar a erosão, por interromper o fluxo de sedimentos para as praias, ou pelo contrário aumentar as praias retendo sedimentos nas praias. A dinâmica de sedimentos é crucial não só para o surf e os banhistas, mas também para a própria localidade onde têm sido gastas dezenas de milhões de euros em proteção costeira. Assim devem ser contratadas as melhores instituições nacionais para prever quantitativamente que impactes existirão nas praias e nos sítios para a prática do surf, bem como na qualidade das ondas da Costa da Caparica e da Trafaria.
Fator da Paisagem:
Neste fator crucial para o turismo, deve também ser considerada a paisagem vista do mar, que é a perspetiva do surfista e do banhista. Nesta perspetiva deve ser avaliado o impacte visual do Terminal de Contentores.
Fator da qualidade da Água:
Este é um importante fator, devido ao surf ser um desporto de natureza, praticado na interface entre o mar e a praia. É importante avaliar o impacte na qualidade da água do Terminal de Contentores.
Fator da Sócio-Economia:
Este fator também é muito importante para o surf dado incluir não só o turismo e a indústria do surf, como também a cultura de surf e o desporto. Estimamos que o surf na Costa da Caparica já movimenta dezenas de milhões de euros por ano. O surf na Costa da Caparica ainda está em crescimento e tem o potencial de trazer para a Portugal centenas de milhões de euros por ano. O EIA deve quantificar estes valores e avaliar o impacte no turismo e na indústria do surf, bem como propor medidas de mitigação efetivas dos impactes negativos.
Assim resumimos a forma como a SOS – Salvem O Surf considera que, para a proteção e a potenciação do surf, o surf deva passar a ser incluído não só em geral nos projetos costeiros, mas em particular na Trafaria e na Costa da Caparica, que são terras com forte tradição de surf.»
Fonte: beachcam.sapo.pt- veja noticia aqui

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